Apresentação de Maracatu Rural com brincantes em fantasias coloridas, chapéus ornamentados e cortejo popular em praça pública de Pernambuco.

A força do Maracatu no Carnaval de Recife e Olinda: dança, instrumentos e identidade

O Maracatu pulsa nas veias de Recife e Olinda como a batida ancestral que atravessa séculos e ainda hoje se ergue vibrante nas ladeiras, nas praças e no corpo do folião. 

Este artigo revela o que é essa manifestação, seus tipos, os instrumentos que o compõem, as danças, trajes, desafios contemporâneos e como vivenciar essa tradição como espectador ou participante. 

O que é Maracatu e qual sua origem em Pernambuco?

É uma manifestação da cultura popular afro-brasileira que nasceu em Pernambuco e se consolidou como um dos símbolos mais fortes do carnaval de Recife e Olinda. 

Assim, sua origem remonta ao período colonial, quando africanos escravizados recriavam cortejos reais do Congo em cerimônias que misturavam religiosidade, música e dança. 

Com o tempo, essa prática se transformou em espetáculo coletivo, carregando elementos da resistência cultural e da identidade negra no Brasil e a sua cultura popular.

O significado dessa manifestação vai além da festa, pois envolve também espiritualidade e ancestralidade. Então, ele representa a recriação de memórias africanas, ao mesmo tempo em que se adapta ao cenário urbano e carnavalesco. 

Ao longo dos séculos XVIII e XIX, os cortejos foram ganhando força, misturando influências indígenas e portuguesas, o que o tornou uma expressão única do povo pernambucano. A cada carnaval, ele reafirma sua importância como patrimônio cultural imaterial.

Entre os aspectos mais importantes dessa origem, é possível destacar:

  1. Ele nasceu como cortejo ligado às coroações do Rei do Congo, trazidas pelos africanos escravizados;
  2. Sua prática uniu elementos da religião, da música percussiva e da dança teatralizada;
  3. Ao longo dos séculos, transformou-se em manifestação de resistência e identidade cultural pernambucana.
Integrantes do Maracatu Rural vestidos com fantasias coloridas e chapéus ornamentados de penas azuis, vermelhas e amarelas durante cortejo cultural em Pernambuco.
Grupos de maracatu hoje mantêm a tradição através de oficinas, ensaios e programas culturais, e são reconhecidos como patrimônio imaterial.

Significado e surgimento histórico

Ele surgiu como forma de expressão e reafirmação cultural dos povos africanos em meio ao processo de escravidão. 

Nesses cortejos, eles encenavam a coroação de reis e rainhas, trazendo dignidade e identidade a um povo historicamente oprimido. Desse modo, esse simbolismo se mantém até hoje, com a presença da corte real nos desfiles carnavalescos.

Influências africanas, indígenas e portuguesas

A tradição se construiu a partir de diferentes matrizes culturais. As raízes africanas são visíveis na percussão e nos símbolos de realeza, as influências indígenas aparecem nas coreografias e cantos, enquanto a herança portuguesa surge nos bordados e na estrutura dos cortejos. 

Primeiro registro e evolução ao longo dos séculos XVIII e XIX

Os primeiros registros datam do século XVIII, especialmente em Recife. Assim, com o passar do tempo, ele deixou de ser apenas uma prática religiosa e se transformou em expressão carnavalesca popular. 

Essa evolução garantiu a dança um espaço definitivo no calendário cultural pernambucano, sem perder suas raízes históricas.

Integrantes do Maracatu com trajes coloridos, chapéus ornamentados e adereços tradicionais durante manifestação cultural no Brasil.
A autenticidade do Maracatu Nação é mais evidente nos desfiles de Carnaval em Recife e Olinda, com a participação de nações tradicionais.

Quais são os tipos de Maracatu existentes em Recife e Olinda?

Existem dois tipos principais: o Maracatu Nação, também conhecido como Baque Virado, e o Maracatu Rural, chamado de Maracatu Baque Solto.

Dessa forma, cada um apresenta características próprias em termos de ritmo, estrutura e representações culturais. 

Essa diversidade enriquece ainda mais o carnaval pernambucano, que celebra ambas as formas em diferentes contextos.

O Nação é mais associado ao ambiente urbano e mantém forte ligação com religiões afro-brasileiras, como o candomblé.

No entanto, o Rural, com origem na Zona da Mata, reflete a vivência de trabalhadores do campo e traz maior influência de tradições indígenas. 

Apesar das diferenças, ambos compartilham o mesmo espírito de resistência cultural e valorização da ancestralidade.

Nação ou Baque Virado

Se caracteriza pela percussão marcante das alfaias e pela presença de uma corte completa com rei, rainha e dama do paço.

Então, esse estilo é fortemente ligado à religiosidade afro-brasileira e preserva rituais como a proteção da calunga. Seus desfiles são imponentes, com grande riqueza visual e sonora.

Rural ou Baque Solto

Nasceu no interior, principalmente na Zona da Mata Norte, e apresenta ritmos mais soltos, com influência das tradições dos canaviais. 

Desse modo, os trajes coloridos e bordados são marcas registradas, assim como a presença dos caboclos de lança, personagens icônicos que representam coragem e proteção. É uma manifestação fortemente ligada ao campo e à vida rural.

Diferenças de estilo, presença e cortejo

As diferenças entre os dois estilos aparecem tanto nos ritmos quanto nos elementos visuais. Enquanto o Nação é mais rígido e ritualístico, o Rural é mais livre e performático. 

Portanto, essa pluralidade de formas garante que a dança seja uma manifestação cultural capaz de dialogar com diferentes públicos e contextos.

O que mais saber sobre o Maracatu?

Veja outras dúvidas sobre o tema.

Qual é a diferença entre Maracatu Nação e Maracatu Rural?

O Nação, também chamado de Baque Virado, destaca-se por seu caráter simbólico ligado a cortejos reais africanos, uso de ritmos mais marcados e presença forte em áreas urbanas como Recife e Olinda

No entanto, o Rural ou Baque Solto possui estilos mais soltos, menor rigidez formal no cortejo e está mais presente em comunidades rurais ou da Zona da Mata Norte, como Nazaré da Mata, influenciado por tradições indígenas e de trabalhadores do campo.

Quais são os instrumentos mais importantes no Maracatu e como eles se diferenciam entre estilos?

Os instrumentos mais centrais incluem as alfaias (tambores grandes de madeira), caixas, taróis, gonguê, além de ganzás, abês e mineiros (instrumentos de percussão mais leves). 

No Nação, os alfaias têm papel dominante na batida do baque virado. Além disso, no Rural, há mais liberdade rítmica e variação no uso desses instrumentos, com adaptações locais.

Que significado têm os trajes e personagens como o rei, a rainha, a calunga e o estandarte no Maracatu?

Os trajes e personagens são símbolos de realeza e espiritualidade: o rei e a rainha representam a corte africana dos Reis do Congo; a calunga, uma boneca ou figura sagrada, carrega valores simbólicos ligados a entidades de culto afro-brasileiro.

O estandarte abre os cortejos mostrando a identidade da nação. Assim, cada ornamento, bordado e cor no traje remete a referências culturais e histórias de ancestrais.

Como o Maracatu atravessou o tempo e preservou sua relevância no Carnaval de Recife e Olinda?

Com forte base comunitária, transmissão oral e visual, e renovação constante, ele manteve-se relevante ao adaptar seus ritmos, figurinos e apresentações. 

Hoje, grupos mantêm oficinas, ensaios regulares, participam de programas culturais, têm reconhecimento de patrimônio imaterial. Ainda mais, tecnologia e mídia ajudaram a divulgar os grupos e aproximar o público, sem perder a autenticidade.

Onde posso ver apresentações de Maracatu autêntico durante o Carnaval ou fora dele em Recife e Olinda?

As manifestações mais autênticas ocorrem nos desfiles de Maracatu Nação durante o Carnaval de Recife e Olinda, especialmente com nações tradicionais como Leão Coroado, Estrela Brilhante, Elefante, entre outras. 

Fora do Carnaval, festas locais, ensaios públicos, museus culturais e pontos de cultura oferecem programação de exibição. Portanto, participar de cortejos de rua também permite ver de perto a performance, a música e a estética.

Resumo desse artigo sobre Maracatu

  • O maracatu surgiu no período colonial e representa resistência cultural afro-brasileira;
  • Existem dois principais estilos: Maracatu Nação e Maracatu Rural;
  • A dança, os instrumentos e os trajes têm forte simbolismo e encantam o público;
  • O maracatu é protagonista no carnaval de Recife e Olinda, atraindo multidões;
  • Os desafios atuais incluem preservar a tradição e dialogar com a modernidade.

Publicado por

Fabio Gomes

Formado em Business Marketing pela Ohio University, Gestor de Pessoas pela PUC Minas, Especialista em Desenvolvimento Web pela PUC Minas e Produtor Multimídia pela UniBH. Atua como Consultor de Marketing Digital em empresas privadas de diversos segmentos e portes. Também aproveita o tempo livre fotografando pessoas e paisagens enquanto viaja o mundo e pratica esportes radicais. Fundador da Tricks (Guia Radical) e Digitow e blogueiro no CV do Fábio.

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